Oz: Mágico e Poderoso
Direção: Sam Raimi
Gênero: Fantasia/Aventura
Elenco: James Franco, Mila
Kunis, Rachel Weisz, Michelle Williams,
Não tão além do arco-íris
Para um filme que, contratualmente, não poderia mencionar O Mágico de Oz do cinema -
o livro de L. Frank Baum está em domínio público mas o longa de 1939 é
de propriedade da Warner - até que Oz - Mágico e
Poderoso (The Great and Powerful) da Disney faz referências
consideráveis ao clássico do Technicolor.
O prelúdio não se limita a estabelecer a história de Oscar
Diggs (James Franco), o mágico charlatão de circo do Kansas que é
transportado para a Terra de Oz. O que o diretor Sam Raimi e a Disney fazem
é transitar nos limites da lei para associar os dois filmes, mas sem configurar
quebra de direitos. Então o espectador não verá os sapatinhos de rubi, por
exemplo, que no livro de Baum eram de prata, mas a bruxa com o rosto verde,
queixo e chapéu pontudos - que o filme de 1939 inventou - aparece aqui. Como bruxas
pontudas e verdes já viraram parte do imaginário do século 20, a questão
judicial se dilui (ou pelo menos a Disney torce por isso).
A questão é que Oz
- Mágico e Poderoso parece
muito mais um filme calculado para juntar pedaços bem-sucedidos de outros
filmes do que, propriamente, um exércício autoral. Dos cavalos de diferentes
cores ao visual da Cidade das Esmeraldas, tudo lembra vagamente O Mágico de Oz de 1939,
mas há elementos também de Alice no País das Maravilhas de Tim Burton - que fez
US$ 1 bilhão para a Disney em 2010 -, como sugerir um filme de guerra dentro de
uma fantasia 3D,
e até um elogio às origens do cinema, igual a Hugo Cabret
Em meio às colagens, Oz
- Mágico e Poderoso soa como um retrocesso, um filme que se esforça
demais para ser deslumbrante o tempo todo, mas que não aproveita aprofundidade
que a estereoscopia oferece. É como se fosse um filme antigo usando a
tecnologia de hoje, como se Avatar não tivesse existido para
mostrar o beabá do novo 3D.
Talvez exista aí, nessa opção por um teatrinho de
chroma-key, um componente de nostalgia, e Oz
- Mágico e
Poderoso, filme que já tem seus defensores, certamente
pode ser visto sob esse viés. Mas a impressão que fica, pelo menos para este fã
de Sam Raimi, é que o potencial do diretor foi mal aproveitado.
Porque não há nada mais oposto ao impulso frenético do
cineasta do que esse cinema de câmeras aéreas e panorâmicas que a Disney usa
para encher os olhos do seu público. No limite, são estilos incompatíveis: os
planos-sequências de deslumbramento não combinam com os zooms nervosos e a
montagem rápida de Raimi. Temos aqui um cineasta que sempre usou a câmera
objetiva da forma mais subjetiva possível, como um olho tenso, que não permite
perspectivas isentas, e ao mesmo tempo a fantasia Disney exige aquela câmera
que passeia, aquela câmera turista.
Nas cenas de ação, nas escolhas de maquiagem, Sam Raimi
coloca o seu dedo monstruoso no caldo, mas de resto, infelizmente, Oz - Mágico e Poderoso é
um filme que não suja a mão, que não se compromete
http://omelete.uol.com.br/todas/?secao=cinema&tipo=criticas
Parabéns pelo texto.Mas por que no link abaixo aparece nome de outra pessoa já que é você que escreve? é apenas uma dúvida
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